sexta-feira, 6 de abril de 2007



SISTEMA CIRCULATÓRIO

CORAÇÃO

...Como um símbolo



O coração (♥) vem sendo usado há muito tempo como um símbolo para se referir aos aspectos espiritual, emocional, moral e no passado também intelectual do ser humano. Como já se acreditou amplamente que o coração era a sede da mente humana, a palavra coração continua a ser usada poeticamente para se referir à alma, e representações estilizadas de corações são simbolos extremamente prevalentes representando amor. Entretanto, representações mais realistas de corações humanos tendem a ter conotações macabras de morte e violência, diferentemente dos conceitos associados com o coração simbólico e poético. Esta discrepância é uma fonte comum de humor negro.

...Na mitologia, espiritualidade e religião


Em textos religiosos como na Bíblia, historicamente tem sido dado muito siginificado místico, quer seja como uma metáfora quer seja como um órgão que genuinamente se acredita ter atributos espirituais ou divinos.

Na Bíblia, este idéia emerge nas passagens iniciais; Gênesis 6:5 situa os pensamentos dos homens maus em seus corações, e Êxodo de 5 a 12 fala repetidamente do Senhor endurecendo "o coração do Faraó". Isto quer dizer que Deus fêz o faraó resolver não deixar os escravos israelitas deixarem o Egito, a fim de julgar o faraó e demonstrar Seu Poder: "'Vá até o Faraó, pois eu endureci seu coração e os corações dos seus oficiais de modo que eu possa realizar sinais miraculosos entre eles" (Êxodo 10:1).

No Livro de Jeremeias 17:9, está escrito que "o coração é enganoso acima de todas as coisas, e desperadamente pecaminoso," e que o Senhor é o juiz que "tenta" o coração humano.

De modo semelhante, na mitologia egípcia, o coração foi pesado numa balança com uma pena de Ma'at, simbolizando verdade, no julgamento dos mortos no Livro Egípcio dos Mortos. Se o coração fosse mais pesado do que a pensa, a pessoa em julgamento poderia sofrer no inferno, uma vez que seu coração foi pesado com seus pecados. Entretanto, se o coração fosse mais leve do que a pena, o dono do coração era admitido no paraíso.

...Na ciência primitiva e na filosofia


Muitos filosófos e cientistas clássicos e medievais, incluindo Aristóteles, consideravam o coração a sede do pensamento, razão ou emoção, frqeuentemente rejeitando o valor do cérebro.

O médico romano Galeno localizava a sede das paixões no fígado, a sede da razão no cérebro e considerava o coração como a sede das emoções. Enquanto a identificação do coração com emoção de Galeno foi proposta como parte da sua teoria do sistema circulatório, o coração continua sendo usado como uma fonte simbólica das emoções humanas mesmo após a rejeição de tais crenças.

Os estóicos ensinavam que o coração era a sede da alma humana.


...Como um ícone

Na arte e folclore tradicionais européias, o símbolo do coração é desenhado numa forma estilizada. Esta forma geralmente é vermelho, sugerindo sangue e, em muitas culturas, paixão e forte paixão. O coração (copa) e os diamantes (ouro) são os dois naipes vermelhos na maioria dos jogos de cartas. O formato é particularmente associado com poesia romântica; frequentemente é visto nos cartões do dia dos namorados, caixas de bombons e artefatos culturais populares similares como um símbolo do amor romântico.

O que a tradicional "forma de coração" realmente representa é um assunto de alguma controvérsia. Só vagamente lembra o coração humano. Algumas pessoas consideram que ela realmente o coração de uma vaca, que era muito mais prontamente disponível para a maioria das pessoas do que um coração humano real. Entretanto, enquanto bifes de coração são mais semelhantes à forma icônica do coração, a semelhança ainda é vaga. A forma do coração lembra a do coração da tartaruga que tem tres câmaras e a glândula prostáta dos seres humanos do sexo masculino, mas é muito improvável que a imagem tenha sido padronizada por causas destes órgãos.
A forma do coração poderia também ser considerada representar traços do corpo feminino, tais como monte de Vênus ou vulva. Um símbolo cuneiforme sumério para "mulher" lembra fortemente a forma do coração, e acredita-se que represente diretamente o monte pubiano. Outros acreditam que o coração lembra a forma das mamas femininas ou as nádegas femininas.

Uma outra possível origem pode ser vista nas moedas da antiga cidade de Cyrene, algumas das quais representam as sementes ou a fruta da agora extinta planta silphium. As sementes são distintamente o formato de um coração. Uma vez que esta planta foi amplamente usada como uma antiga erva anticoncepcional ou abortiva, este formato pode ter ficado associado com sexualidade e amor.

I ♥ (significa "Eu amo" ou "Eu coração") é uma expressão de gíria usada para indicar amor ou afeição, às vezes com uma conotação de que o sentimento é superficial ou juvenil. E uma brincadeira sobre o clássico logotipo de Milton Glaser, I ♥ NY (que pode ser traduzido como I Love New York - Eu amo Nova Iorque). Nos Esatados Unidos, é frequentemente escrito peklos escolares para indicar que está apaixonado por outra pessoa. Também está presente em títulos de filmes recentes, por exemplo, o filme I ♥ Huckabees ou o vídeo game We ♥ Katamari.


Este órgão tem um lugar especial no imaginário popular. O coração é costumeiramente sinônimo de amor. Tem também muitas outras associações. Vejamos alguns exemplos:
ter coração - ser misericordioso, ser bondoso;
mudar de coração - mudar de idéia;
coração partido - ter perdido o amor;
de coração pesado - sentindo profundamente; estar triste;

Certamente nenhum outro órgão provoca este tipo de resposta. Quando foi que se ouviu alguém dizer que estava com o pâncreas pesado?

quinta-feira, 1 de março de 2007

CIRCULAÇÃO


OS PIONEIROS DAS DESCOBERTAS SOBRE O CORAÇÃO

Há cerca de 3.000 anos, o autor de um tratado médico chinês descrevia o trabalho do coração da seguinte maneira: "Ele regula todo o sangue do corpo... A corrente sangüínea flui continuamente e nunca pára".

Essa descoberta não foi adiante. Muitos séculos depois, quando já era bem conhecida a estrutura do coração e dos vasos sangüíneos, o funcionamento do sistema circulatório continuava uma grande incógnita.


Para os egípicios, o coração era a sede da alma, centro da inteligência e de todas as emoções humanas. Possuíam a noção de "cabos e canais" partindo do coração em direção aos outros órgãos, mas acreditavam que esses cabos conduziam substâncias como o ar, sêmen, excreções, alimentos, muco, além de sangue. Ao realizarem o embalsamento, tinham o cuidado de deixar o coração no tórax, ligado aos grandes vasos. Os demais órgãos eram sempre removidos.


A imagem mostra a pesagem da coração com o deus Anúbis, Amut o devorador e Toth. O coração (à esquerda) está sendo pesado em comparação com a pena da verdade no outro prato. Se ele considerado culpado, ele seria devorado por um monstro que era parte leão, parte crocodilo e parte hipopótamo. Tal representação se encontra no papiro do Livro dos Mortos. Muitos dos recipientes lembravam a forma do coração real, fato que levou a escrita hieroglífica a usar a aludida forma significando coração


Os gregos estiveram por diversas vezes próximos da verdade. Desde o século IV antes da Era Comum apaixonaram-se pela idéia e teorias a respeito do sistema cardíaco. Em Alexandria, o anatomista grego Eristrato chegou perto da descoberta do mistério da circulação sangüínea. Descrevia o coração como uma bomba, mas invertia alguns dados: o sangue partiria do fígado e, através das artérias, iria ao coração e daí aos pulmões, pelas veias. Embora com base na cultura dos babilônios e dos egípcios, os gregos logo estabeleceram sua independência de pensamento, particularmente na abordagem das doenças, separando-as dos aspectos mágicos e religiosos presentes em seu tratamento pelos sacerdotes.

A escola hipocrática, quatrocentos anos antes de Cristo, descreve o coração como uma massa muscular firme, ricamente suprida por fluidos. Sua forma é descrita como a de uma pirâmide e ele é envolto por uma membrana, onde se encontra uma pequena quantidade de líquido semelhante à urina. Identificam-se quatro cavidades. A válvula aórtica é mostrada abrindo em uma só direção, e pelo seu formato é denominada de válvula sigmóide. A válvula pulmonar, por seu formato, também é chamada de sigmóide 4. Aristóteles (384-322 a.C.) em sua obra História dos animais o descreve assim: "o coração tem três cavidades ... sua forma não é alongada mas arredondada, tendo a forma de ponta no seu fim ... tem três cavidades, a maior no lado direito, a menor à esquerda e a de tamanho médio no meio..." (Prates, 2005).


GALENO DE PÉRGAMO:

=> Cláudio Galeno (mais conhecido como Galeno) foi um médico grego (Pérgamo, c. 131 - provavelmente Sicília, c. 200), um romano que viveu no século II considerado o fundador da fisiologia experimental, desenvolveu teorias sobre o coração que foram aceitas durante séculos.

Por volta de 170, Galeno realizou uma experiência que iria mudar o curso da medicina: demonstrou pela primeira vez que as artérias conduzem sangue e não ar, como até então se acreditava. Acreditava que o sagnue arterial e o venoso fluíam para fora do coração em sistemas separados de vasos.Essa teoria foi aceita, sem discussão, durante catorze séculos.
<== Diagrama do Sistema Fisiológico de Galeno

Em vista das limitações técnicas (em especial limitações ópticas), Galeno inevitavelmente acabou comentendo erros. Não era possível ver o que se passava no interior dos órgãos. Seus dois maiores erros ocorreram em sua teoria da circulação e na sua idéia de que cada órgão realiza sua função própria devido uma ação de forças que atuavam sobre os órgãos. Segundo Galeno, o sangue circulava devido ao impulso ou força atrativa cuja origem era a própria parede da artéria. Tal concepção foi estendida para todos os órgãos. O respeito pelas teorias de Galeno era tão grande que levou mais de quinze séculos para que sua teoria das forças fosse contestada (já que os médicos consideravam suas teorias infalíveis).

Na Renascença, fêz-nova luz sobre o problema, ainda não esclarecido. Leonardo da Vinci (1452-1519), desenhando peças dissecadas, observou o sistema de direção única da válvula do coração.

Foi graças a difusão da medicina árabe e ao médico inglês William Harvey que os erros de Galeno neste assunto foram corrigidos.

WILLIAM HARVEY (1578-1657), físico e anatomista inglês, descobriu, em 1623, a circulação sangüínea. Utilizando vivisecção experimental de quinze espécies diferentes, incluindo desde o porco até a lagosta, demonstrou a distribuição dos vasos e a maneira pela qual o coração se contrai e se expande. Verificou que o sangue corria das artérias para as veias e regressava ao coração, demonstando que aquele está em constante movimento e que flui numa só direção. Harvey baseou as suas teorias num cálculo matemático do débito cardíaco, ou seja, a cada contração o coração ejeta cerca de 59 ml. Uma vez que bate 70 vezes por minuto, bombeia 248 litros por hora, aproximadamente. Harvey concluiu que isso só possível se o sangue voltasse ao coração para ser bombeado de novo. Conseguiu assim deduzir que o coração é uma bomba e que mantém o sangue em movimento numa direção circular à volta do corpo.

Publicou em 1628 um pequeno livro, Excercitatio Anatomica De Motu Cordis (SOBRE O MOVIMENTO DO CORAÇÃO E DO SANGUE), onde expõe e prova sua doutrina da circulação de sangue; não é o movimento de fluxo e refluxo dos gregos, não é a mobilização regional de Galeno; é uma transferência de sangue das veias as artérias, graças a ação de uma potente bomba do coração e a volta da mesma massa de sangue ao ponto de partida, depois de haver circulado por todo o organismo. Sua afirmação de que o sangue se movimenta sempre em círculo e é conduzido através dos batimentos cardíacos surpreendeu o mundo médico. Emnbora a palavra circulatio tivesse sido usada no passado, ninguém antes havia concebido uma corrente contínua de sangue retornando constantemente à sua origem.
Sua doutrina, entretanto, tinha uma lacuna: não sabia Harvey como passava o sangue do final das artérias para as veias. Porém, mesmo sem saber como, demonstrou experimentalmente, sendo fundamental para demonstrar o ciclo. Por isso é considerado o pai da fisiologia, como Vesalius o pai da anatomia.
Posteriormente, os estudos de Harvey foram complementados por Marcello Malpighi (1628-1694). Assim, a partir de estudos microscópicos dos vasos pulmonares de uma rã, Malpighi demonstrou a existência dos capilares arteriovenosos, ao observar os glóbulos vermelhos através de vasos minúsculos no peritônio, com rudimentarios sistemas opticos de seu tempo. O nome desses vasos foi sugerido por seu diâmetro (de 8 a 12,5 milésimos de milímetros), inferior ao de um fio de cabelo. Sua descoberta esclareceu uma dúvida: a de como o sangue voltava ao coração.

Muitos séculos antes de Harvey, acreditava-se que as artérias não eram mais que tubos cheios de ar. Daí o seu nome. Tal crença se implantara porque, ao se abrirem as artérias de animais mortos, não se encontrava sangue nelas



Coube a GALILEU GALILEI constatar que as artérias continham sangue, ao seccioná-las em animais vivos. Entretanto, só a partir de Harvey soube-se que o organismo humano - e de todos os animais - é percorrido pela corrente sangüínea, cuja finalidade é fornecer alimento aos tecidos que o compõem. Essa tarefa é executada por um conjunto de elementos que integram o aparellho vascular, constituído pelo coração, artérias, veias, capilares e vasos linfáticos.

Junto aos grandes anatomistas vieram os primeiros semiólogos, como Heberden (que fez a descrição magistral da angina de peito e deixou , estranhamente, sua ligação ao infarto do miocárdio), e farmacologistas, como Willian Withering, que descreveu o digital. Seu livro On account of the Foxglove, de 1753, mostrou a correta digitalização.


Já no século XIX , século dos grandes clínicos, como René Theophile Laennec, segundo Inácio Chaves um "Hipócrates dos novos tempos, com o corpo frágil de tuberculoso e cabeça pensativa de um gênio". Ele inventou a auscultação e foi um dos poucos na ciência que não teve precursores. Sua obra é a invenção do estetoscópio. Em seu livro, Traité de l"Auscultation Médiate, Laennec descreve todos os ruidos pulmonares, cardiacos e vasculares da ausculta. Ainda como contribuição clínica, foi avaliada a medida da pressão arterial com o esfigmomanômetro de Von Basch, corrigido por Potain, sendo o primeiro a assinalar a existência da hipertensão arterial.

No entanto, no século XX verificou-se o maior desenvolvimento da área da Cardiologia:

Em uma breve revisão, na radiologia, com o descobrimento de Conrad Roentgen (ainda no final do século XIX);

A eletrocardiocardiografia, obtida por Augustin Castellanos em 1937, ao introduzir um meio de contraste na corrente venosa, que opacificou o interior do coração e vasos;a eletrocardiografia, que se iniciou em 1905 com Wilhelm Einthoven ;

O cateterismo cardíaco, iniciado por 1929 por Forssmann e feito procedimento clinico e fisiológico por André Cournand e Richards em 1941;

O tratamento medicamentoso, o tratamento cirúrgico , que se iniciou em 1938, por Gross, que ligou um canal arterial.


FONTES:
CIVITA, V. (ed.) O livro da vida. São Paulo: Abril Cultural. v.1.

Prates, P.R. Símbolo do coração. Hist. cienc. saude-Manguinhos vol.12 no.3 Rio de Janeiro Sept./Dec. 2005.

READER'S DIGEST. O seu coração: 1ª parte. Lisboa: Seleções de Reader's digest, 1997.
GRANDES TEMAS DA MEDICINA. Sistema circulatório. São Paulo: Nova Cultural, 1990.

http://www.hospvirt.org.br/cardiologia/port/historia.htm


FONTES DE IMAGENS:



http://students.ou.edu/Y/Jason.S.Yousif-1/Galen_System1.jpg

Leonardo da Vinci:

http://www.aletp.com/images/blog/leonardo-da-vinci.jpg

http://www.biomedical-engineering-online.com/content/4/1/14/figure/F1

http://newsimg.bbc.co.uk/media/images/42061000/jpg/_42061194_heartvalves2.jpg

VESALIUS:http://images.google.com/imgres?imgurl=http://clendening.kumc.edu/dc/pc/vesalius04.jpg&imgrefurl=http://clendening.kumc.edu/dc/pc/v.html&amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;h=607&w=568&sz=53&hl=en&sig2=ZzJ4OUl4iDRWcKEBepwt2A&start=19&amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;tbnid=TLk2FywHdY4gJM:&tbnh=136&tbnw=127&ei=R5TvRbzwOZ2waJanoPEI&prev=/images%3Fq%3Dvesalius%26gbv%3D2%26svnum%3D10%26hl%3Den%26sa%3DG

HARVEY:
http://images.google.com/imgres?imgurl=http://members.aol.com/ldaucourt/harvey.jpg&imgrefurl=http://members.aol.com/ldaucourt/Histmed.htm&amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;h=338&w=241&sz=16&hl=en&sig2=3P7EKc3fIY4cxVyNbq1t5A&start=2&tbnid=QTqjcRzQSJe1DM:&tbnh=119&amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;tbnw=85&ei=bpTvRZn9Oo22aMTG7aYI&prev=/images%3Fq%3DHARVEY%26gbv%3D2%26svnum%3D10%26hl%3Den

GALILEU:
http://galileo.rice.edu/images/people/galileo/g_leoni_crayon.gif

MARCELLO MALPIGHI:
http://www.torinoscienza.it/galleria_multimediale/apri?obj_id=4509

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